segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Eu sou a Felicidade / João

Série Emoções

EU SOU A FELICIDADE

Minha voz ardente te chama
Sorrindo é que posso cantar
Mesmo que eu esteja em Londres
Sei quando voltar te encontrarei
Eu sou a Felicidade
Te amo, te amo
Eu sou a Felicidade
Me ame, não pare
É verão e vou na praia bem cedo
Respirar o ar marinho sim
Eu quero dançar com você na noite
Não posso medir minha alegria
Eu sou a felicidade
Te amo, não pare
Eu sou a felicidade com você
Me ame , não pare
Vou pular na rede do trapézio
E buscar você onde estiver
Sua voz me guia ao infinito
Quero te amar pra sempre sim
A minha felicidade
Quando você
Você é a felicidade
Me ame, não pare

Com você te amo, não pare e vai assim a fora...


JOÃO

Sonhei, estava no passado tendo diante de mim um anjo. Ele mostrou-me o homem santificado que saiu ileso do óleo fervente, que olhou-me ternamente comovido e sorrindo. Então elevou as mãos aos céu e invocou o nome do Senhor. Os poucos que diante dele estavam ficaram admirados e nada entendiam, eram dois camponeses e uma jovem mulher, uma criança, eu e o anjo postado à minha direita.
O esquife feito por um amigo do escolhido estava ali, mas não o homem. Ouvi que tinha sido preso pela tropa, contudo o esquife tinha chegado. O homem santo dizendo ao céu Ter cumprido sua missão deposita suas vestes principais no interior dele.
Uma comoção tomou-nos espiritualmente e ao passar de alguns segundos o ar tornou-se leve e de bom cheiro. O anjo ao meu lado disse com voz que apenas eu ouvi:
  • Prepara-te para testemunhar em breve a glória do Senhor.
O Silêncio imperou por alguns minutos e pude perceber que estávamos no campo, parecia ter chovido a pouco e no entanto entardecia com sol. Uma árvore de médio porte sombreava onde se deitaria o homem, que disse:
  • Tu me amas, Senhor, eu sei. Fiz a tua vontade e levei teu nome a muitos lugares, escrevi teus presságios e me protegeste com o Espírito Santo. É, enfim, chegada a hora.
Nesse momento uma brisa tocou-nos e o Santo andou uns passos. Todos os que o rodeavam se aterrorizaram e se ajoelharam. Diante de mim e do anjo ele olhou fixamente em meus olhos, até que senti paz. Então voltou-se, ergueu o braço direito ao céu e fez um grande sinal da cruz, depois deitou-se sem antes dizer:
  • Tu estás comigo, Senhor Jesus Cristo.
E:
  • A paz esteja convosco, irmãos meus.
Então expirou com um sorriso estampado na face, e os dois homens acompanhados da jovem mulher colocaram sobre ele um lençol de linho que traziam, e choravam. O garoto que até então ficara construindo uma cruz com gravetos, depositou-a sobre o corpo.
Eu a tudo assistia e entristeci-me com a dor dos que ficaram, porém, sabiam eles que o santo iria até junto do Salvador brevemente. E se consolavam.
Alguns minutos depois partiram todos na direção do vilarejo ficando ali eu e o anjo, que me disse:
  • O que verás agora é prova para os homens que Nosso Senhor Jesus Cristo amou este homem, e o levou até si sem que experimentasse o hades.
Minutos após vi o corpo levantar-se e me ofuscava com a luz de seu corpo, o vi subir ao céu com glória e o Senhor a lhe guiar. Fiquei tomado de tal espanto que nem pensar podia, as coisas entravam nos meus olhos como magia.
  • Os homens de tua época sabem o que aconteceu na morte de João, contudo não viram. A história é esta, conte a eles.
Um volume inacreditável de imagens perfuraram minha mente, da esquerda para a direita, e então vi-me só, na cama de meu quarto, acordando de um sonho. E comecei a escrever a história.


domingo, 20 de setembro de 2015

Migrante Solitário / Foi na Festa

Série Emoções

MIGRANTE SOLITÁRIO


Cheguei cansado da vida
Boca aberta e espantado
Entrei na cidade grande
Como um coelho acuado
Lugar triste e mal amado
Mas enorme como o mundo

Fiquei andando e sorrindo
Viajante, rei do trem
Mas vi criança chorando
Pelo leite que não tem
Cai nos braços de ninguém
Abandonada na vida


Mas a faca empunhei
Com raça de cabra bom
Finquei no vento que sopra
Mas não tinha a quem pegar
A desgraça era muita
E ninguém era o culpado
Fiquei sozinho na luta

Sentei na praça pensando
Da rapidez em correr
Lembrei da mula pastando
Senti medo de morrer
E meu corpo a perecer
Sem que alguém o sepultasse

Presenciei um assalto
E um roubo oficial
Perigoso olhar pro alto
Até mesmo em passar mal
Tudo é recorde mundial
Mas me enfeza ser assim

E a mala empunhei
Com raça de homem valente
Subi no trem de partida
Que bom voltar pra terrinha
Tão calma e jeitosinha
Minha casa é minha vida
Voltei de novo a luta

Deixar o ar de fumaça
E voltar ao campo aberto
Sentir o sol na cabeça
Retornar ao rumo certo
Não ver ricaço por perto
E sim minha gente humilde



  




FOI NA FESTA


Foi na festa do José
Em que vi você assim tão bonita
Então falei "Que linda?"
Entre um drinque e outro que te chamei
Para dançar, você então não respondeu
Que susto.
Eu te amo tanto, que menina linda
Vem falar comigo que eu não posso esperar
E naquele dia eu procurei te esquecer
Porque você nem olhou pra mim
Eu te amo tanto, que menina linda
Vou tentar fugir daqui pra não mais te ver
E o José me convidou
Pra na festa dele ir
Fui mas não pra divertir, que triste
Então você veio por detrás de mim
Me tocou, não pude aguentar
Você então se ofereceu
Para comigo dançar
Eu notei sem eus olhos: Te amo.




sábado, 19 de setembro de 2015

Trovador / O novo! O velho!

Série Emoções

TROVADOR


Eu continuo a andar
Por uma estrada sem fim
Por muitas terras passei
O mundo já conheci

A minha vida é cantar
Todas histórias que ouvir
Contando o que eu senti
Num fato que aconteceu

Sou o trovador que anda e espalha sempre uma lição
Minha voz é a voz da consciência das pessoas
Vida de cigano com presença onde se precisar
E o som das canções transforma o mundo mais bonito

Se você penas em viver
Alguma história de amor
Não faça sem escutar
Aquilo que eu vou contar

Se você pensa em lutar
Contra um mundo cruel
Então me espere cantar
Pra te dizer como é.

Minha juventude toda foi dizer o que pensei
E aprender a ouvir o que a vida nos ensina
Sou o trovador que canta e ilude nossos corações
E descreve o destino misterioso e tão lindo








O NOVO! O VELHO!


Velho e novo são opostos
O velho que aconselha
O novo que se aborrece
Ri do velho, mas não sabe
Que este recorda triste
Dos tempos de agilidade
Velho é salvo
Viveu a vida de dor e sofrimento
E o novo que se prepare
Vale avisar, não adianta
O homem lembra da vida
Quando já a perdeu
E pra compensar
Alguém falou
Quem perder sua vida
Na verdade a salvará
Dois lados da mesma moeda, mesmo homem
Durante toda uma vida
O que se perde em potencial físico
Ganha-se em experiência e sabedoria
E feliz aquele que souber agir
Mesmo porque não é eterno
O novo despreza o ancião feito irracional
Esquece que 'homem, age conforme a sua
Natureza, comum portanto, mas esquece
Que é homem e inteligente
O velho, que foi novo e passou por tudo
Isso, esquece o que é, age como criança
Regredindo a cada dia, enlouquecendo
Afinal, quem será o certo e quem o errado ?
Nem um nem outro, certamente.



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sem você / O brilho do amor

Série Emoções

SEM VOCÊ


Sem você
Eu não sei porque
O meu coração vive sangrando
Me maltratando
Sem você não vou suportar
essa aflição que é a vida
sem seu carinho

Sem você eu não posso viver bem
E meu canto continua preso sim
É porque te amo ainda
E o céu é tão pequeno pra caminhar
Sem você o tempo jamais vai passar

Por você vou a Nova York
Escalar a estátua da liberdade
Gritar seu nome
E depois navegar por Sul
E pixar o muro do vizinho
Eu te amo

Sem você o mundo vai partir no meio
E a aventura vai chegar no seu fim
Mas não vou deixar que isso aconteça
Vou cerca-la e jamais deixa-la partir

Sem você o sol não vai nascer contente
E todas as flores vão murchar de tédio
Só não sei porque você não me ouve
E diz: Te amo muito e quero sempre te amar.







O BRILHO DO AMOR


O homem se acabou
E o mundo se renova
Tanto a morte como o sol
Não existem mais na terra
E o céu retumbante
Não passa de um passarinho
Que governa esse mundo
Com amor e com carinho

O brilho do amor
Da paz que se irradia do calor e dessa glória
Que vem da sabedoria
Companheiro, vem comigo
Apreciar o nosso pai
Que chegou e instalou
Neste inferno o paraíso

A tempestade cessou
Os raios se abateram
O amor é a palavra
Para conquistar a vida
Se você está arrependido
Então se alia comigo
E embora eu ache difícil
Pois a chama é eterna

Total beleza existe no sorriso do irmão

E a fraternidade é a porta do coração

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Garoto / Qual de vocês

Série Emoções

GAROTO


Ele anda na calçada
Chutando pedrinha, olhando pro chão
Triste em perder a pelada
Algo doído no fundo do coração
É o menino que passou ao meu lado
E senti como se estivesse colado
Chaga profunda feito um porão.

Pensei comigo não ser possível alguém
Que por um motivo tão banal
Se compare a um desgarrado do bem
Abandonado a mercê do mal
Mas vi que nunca na minha vida
Inteira de dores sofridas
Presenciei agonia como tal.

Acontece que eu não pude perceber
Daquilo que pensei não ser nada
Fosse a razão do seu sofrer
E o motivo de sua vida marcada
É o futuro que se desenha adiante
Impossível de se evitar, amargurante
Pior do que perder a pelada.

E o garoto prosseguia lentamente
Deixando uma lágrima a cada passo seu
Talvez um dia experimente
A dureza de um "Não" ou de um "Adeus"
E venha sorrir com amarga ternura
Do que um dia foi vida pura
Ou da bobagem de alguns versos meus.






QUAL DE VOCÊS


Qual de vocês me acha belo
Qual o sentido disso
Você é linda eu sei, não é assim
Sou o espelho de sua face
O brilho de seus olhos
Não, eu não sou modesto, te amo sim
Por sua causa o mundo gira
E eu vivo assim cantando
Mas por favor não fale, sorria pra mim
Qual de vocês me acha belo
Ainda estão achando
Minha conversa é outra, eu canto sim
Não tenha dó, fale a verdade
Diga o que sente agora
Sua emoção me importa, mesmo que assim
Eu venha ver que estava errado
Não compreendi ainda
Meu coração que chora e não vê o fim
Qual de vocês me acha belo
Toda essa história é louca
Você é o que importa, eu falo sim
Qual de vocês me leva a sério
Eu sei que já não levam
Você então nem diga, vejo que sim
Minha paixão, te acho bela
Estão indo embora
Tchau, eu não vou agora, quero cantar.


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O Atleta / Beija-Flor

Série Emoções

O ATLETA



Saltando as barreiras, cercando a medalha
Suando a camisa da pátria querida
Lá vai o atleta, com medo da falha
Batendo recordes com a própria vida.

Nadando, lutando, pulando ou correndo
A olimpíada da vida e o esporte amador
Fazem do atleta o maior entre os homens
Que consegue a vitória com muito amor.

Jogando a bola, lançando o peso
Honrando a bandeira da pátria amada
Os treinos diários o fazem herói
Orgulho maior pela meta alcançada

E quando sobe no pódium
O melhor dos homens no mundo
E o hino faz a lágrima rolar
Damos as mãos e cantamos felizes.


BEIJA-FLOR



Vou sonhar contigo
Quando amanhecer
Vou sonhar contigo, infinito
Eu vou voar
Vou voar até o infinito
Porque sou
Um beija-flor
Sempre sonhando com muitas flores
Cravo ou margarida
Não me importa
Pois Deus me criou para alegrar
Não tenho inimigos
Gosto de voar
Vivo alegremente
Eu vivo por aí e vou cantar
Vou cantar pois é primavera
E eu sou um beija-flor
Sempre sonhando com muitas flores
Eu vou brincar com  meus amigos
Colibris e pintassilgos
Eu sou um beija flor
Sempre sonhando, e que alegremente
Vive voando ao sol, sempre cantando
O beija-flor

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Carta a Jó

Série Emoções

Prezado e longínquo colega aí da esquina, Jó :

Espero que esta vá encontra-lo nas profundezas de sua sabedoria e que você fique onde está para que não saia mais daí. Primeiramente quero convida-lo ao encontro que eu sempre realizo de vez em quando, visto que não poderei ir hoje na sua casa para o almoço que você faz de vez em quando, mesmo porque estou com pressa em escrever-lhe uma carta. Reflito no célebre pensamento do catedrático Dr. Fulano Detal:

“Todos podem ser unidos se todos se unirem. E os que não estiverem de pleno acordo que se retirem.”

Tendo em vista que você pode aparecer, anote meu endereço: Rua Mais pra lá que pra cá, Nº tal; e não falte pois discutiremos porque a mão esquerda tem cinco dedos, falou ? Termino esta com meus sinceros votos de uma feliz união conjugal, péssima saúde e que nada se realize nos seus primeiros anos de vida.

Grotescamente,

                                                                Eu mesmo.


PS: Não me lembro de o conhecer ...

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Fuga

Série Emoções

Eu vou cantar o que sempre quis dizer
E vou cantar sobre um amigo meu

Penso numa forma de sossego
Vou tentar me aposentar
Chega, fugirei pro Canadá
Já não posso trabalhar
Vou sumir daqui
Tento despistar sua presença
Me esconder no matagal
Chega, vou andar na madrugada
Onde ninguém pode me achar
Vou sumir daqui
Corro, você vem atrás de mim
O fantasma do pavor
Chega, pagarei pra te enterrar
Pensarei em descansar
Lá no hospital

Vou viajar para o Paquistão
E me hospedar no Carandiru

Como dar um jeito nesse cara
Que se diz amigo meu
Chega, vou tentar te internar
Num mosteiro do Nepal,
Vou sumir daqui
Nunca duvidei da liberdade
Tenho pena do canário
Chega, o Kadafi quer te ver
Só que não vai aguentar
A perseguição


Chega.

domingo, 13 de setembro de 2015

Entes Queridos

Série Emoções

De repente, não mais que de repente
Caiu o dente do pente
E eu fiquei bem contente
Pela rima inteligente

E na mente do tenente
Inexpressivamente
Veio a lembrança do parente
Sumindo depois lentamente

E nesse dia quente
Cabelo cortado rente
Por pouco não se sente
O couro tão ardente

E pra toda gente
Desse continente
Ofereço um presente
Que dure eternamente

Simplesmente
Plantei uma semente
No coração ardente

Do homem, que vive, apesar das ironias.

sábado, 12 de setembro de 2015

O telefonema

Série Emoções

Estava eu lá pelas nove da noite, quando de repente começa a chover. Assustado, corri em direção ao armazém do “seu mané” que já estava fechando o estabelecimento. Perguntei: “Seu mané, deixa eu dar um telefonema lá pra casa vai ? Ele respondeu: Só se pagar os três reais que me deve. Remexi no meu bolso, catei uns trocados, umas moedas, contei, recontei e cheguei à triste conclusão que tinha somente R$ 2,90.
Chorei. Invoquei todos os santos mas “seu mané” foi duro e impiedoso, não me permitiu telefonar. Saí dizendo o quanto era “direita” a prezada mamãe do “seu mané”.
Já totalmente ensopado e dando os meus espirrinhos encontrei um telefone público. Fui seco para comprar um cartão mas as bancas estavam todas fechadas. Corri até os bares, lojas, mas dentro das que estavam abertas nenhuma loja, nenhum bar tinha um cartão telefônico. Depois de andar quase três quilômetros finalmente achei alguém que tinha um cartão. Paguei o dobro, fui chamado de otário mas até que enfim iria telefonar.
Coloquei o cartão, disquei o número certo, fiz tudo com muita calma para não dar zebra, ouvi dezenas de toooons, mas nada de atenderem, mas sabendo que o cartão continha mais créditos desliguei o aparelho. Na hora que fui recolocar o cartão fiquei mais branco que “bumbum de escandinavo” ( a expressão aí é do Ponte Preta), esfreguei os olhos até doerem mas a realidade era uma só: NÃO haviam mais créditos.
Só depois de estourar minha cabeça no muro em frente lembrei-me que havia visto somente um crédito na ligação anterior, o cidadão me vendeu um cartão usado. Já eram pra lá das onze da noite, completamente ensopado, longe de casa e sem poder voltar ( o que é pior), resolvi gastar meu único cartucho, tentarei chegar até a casa do Paulo, um amigo meu.
A casa  dele fica a umas cinco quadras daqui e a essas alturas ele deve estar em casa. Após ter tocado a campainha umas dez vezes ele abriu, estava caindo de sono e quase me confundiu com sua sogra ( QUEM DIRIA, EU ?); enquanto ele dormia no batente eu já havia tentado telefonar duas vezes, na terceira estava chamando e até que enfim consegui.
Já eram três da madruga e... Graças a Deus consegui falar com o meu irmão e vou relatar o meu papo com ele.

-         Alô.
-         Alô, de onde fala ?
-         234-5678
-         Ô Raul, aqui é o teu irmão, cara.
-         Puxa, cara, houve o maior rebu ontem por sua causa, meu.
-         Tô sabendo... escuta aqui, o que deu a coisa aí ontem ?
-         Adivinha.
-         Não enrola, diz logo, não faz cera.
-         Presta atenção, o negócio foi assim... eu...
-         Se não quer falar, desliga.
-         Não espera aí, onde é que você está ? Quer que eu vou buscar você, um instante só ?
-         Não precisa, só conta como é que foi.
-         Foi assim, mas eu posso buscar você e...
-         Depois, Raul, diz logo.
-         Primeiro ela... você quer mesmo ouvir ?
-         Seu suspense não cola, anda que o Paulo está todo molhado lá na porta e ainda não acordou.
-         Você está na casa do Paulo, não é longe, eu vou buscar.
-         Tá OK, mas antes conta.
-         Eu tô com sono, Uaaahhh...
-         Imbecil, cretino, anda com isso seu rato de esgoto, que o coitado do Paulo a essas alturas já deve estar morto.
-         Tá legal, você insistiu tanto que eu vou contar.
-         Até que enfim
-         Ela chegou e...
-         E o Quê ?
-         Disse que iria...
-         Fala mentecapto.
-         Ela pegou e...
-         Diz.
-         Jogou fora.
-         Jogou fora ?
-         É isso aí.
-         Jogou fora o medalhão que eu comprei daquele estúpido do Paulo ?
-         Jogou.
-         Mas por quê ?
-         Quem manda você ser trouxa e comprar uma besteira por cinquenta paus ?
-         Sabe de uma coisa ?
-         O quê ?
-         Apesar de já estar quase morto, vou deixar o Paulo na chuva até apodrecer e aí depois pico ele e jogo aos abutres tá ouvindo ?
-         Você não é louco .
-         Tem razão, foi só pra desabafar.
-         Saquei logo.
-         Você tá sempre sacando as coisas, não ?
-         Ué, pra que serve ser filósofo. !
-         E o que o filósofo tem a ver com isso ?
-         Sei lá.
-         Que mancada, heim ?
-         E agora, José ?
-         Vamos ver que bicho dá, né ?
-         Pois é.
-         Vamos para de dizer pois é !?
-         E o Paulo ?
-         Ë mesmo, e o Paulo ?
-         Vai ver que ele acordou.
-         Duvido.
-         Você vai deixar ele lá ?
-         O que você quer que eu faça ?
-         Sei lá, pelo menos fecha a porta.
-         Boa idéia, e depois ?
-         Você que sabe, quem criou essa tragédia foi você, não vindo pra casa.
-         Mas não deu.
-         Por quê ?
-         Eu só tinha R$ 2,90 no bolso e não está passando condução a essas horas.
-         Por que não comprou um cartão e telefonou. ?
-         Eu comprei mas depois de tentar diversas vezes resolveram atender na hora que eu ia desligando, resultado, acabaram os créditos do cartão.
-         É lógico, o pessoal todo espalhafatoso, ninguém escutou, somente eu, mas pensei que fosse o padeiro reclamando da conta que ninguém paga, mas de tanto insistirem atendi, pensei que fosse um trote.
-         Seu idiota, não poderia ter atendido antes ?
-         Eu ia saber ?
-         Devi saber.
-         Quer que eu vou te buscar ?
-         Vem, então.
-         Aonde você está ?
-         Ora, na casa do paulo.
-         Ei, e o Paulo ?
-         Corre aqui que o Paulo está lá estendido no chão.
-         Tem medo, é ?
-         Claro que não. Vem me buscar e traz uma ambulância.
-         Pra quê ?
-         O Paulo, ele...
-         Ele o quê ?
-         Ele MORREU.
-         Ah ! bom.
-         Tchau.

-         Tchau.