Série Emoções
Precipitadamente caí dentro de um buraco bem no meio
da sala da velha casa dos Moura. Arrependi-me no princípio por Ter acusado o
destino, pois a culpa fora toda minha que andava distraído enquanto lia “As
Profecias de Nostradamus”; mas não por muito tempo porque já começava a ficar
noite e a mansão era abandonada e longe de casa.
Tentei subir nos pedaços de assoalho que estavam
dependurados, porém eles ruíram sobre mim chegando a cortar minha perna.
Durante cerca de trinta minutos solicitei por
socorro, cheguei a ficar rouco, porém ninguém veio ao meu auxílio. Resolvi
então, ferido, tentar um último esforço visto que o frio já abalava meus ossos.
Agarrei-me a um pedaço de caibro que ficara
pendurado, apoiei-me nos que ainda não tinham cedido e dei o salto decisivo
para alcançar a denegrida “cova” precipitada que eu fui arranjar. Já alcançado
o meu objetivo inicial percebi que se tentasse subir o assoalho desmoronaria em
cima de mim, contudo esta seria talvez a última oportunidade de alcançar a
liberdade a não ser que eu dormisse com as baratas. O meu braço já não
aguentava mais e já começava a ceder quando, num sobressalto, pulei para cima
do velho assoalho. Sem perder tempo dei salto triplo afastando-me do local do
crime, este que terminou de ruir.
Esta história, de fato, mostra-nos tipicamente a
displicência das pessoas, coisa comum, que nenhum de nós está a salvo das
brincadeiras do destino. A única coisa de concreto que restou de testemunha
desses fatos é o livro de Nostradamus, perdido no porão da casa dos Moura.
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