quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O texto

Série Emoções

Precipitadamente caí dentro de um buraco bem no meio da sala da velha casa dos Moura. Arrependi-me no princípio por Ter acusado o destino, pois a culpa fora toda minha que andava distraído enquanto lia “As Profecias de Nostradamus”; mas não por muito tempo porque já começava a ficar noite e a mansão era abandonada e longe de casa.
Tentei subir nos pedaços de assoalho que estavam dependurados, porém eles ruíram sobre mim chegando a cortar minha perna.
Durante cerca de trinta minutos solicitei por socorro, cheguei a ficar rouco, porém ninguém veio ao meu auxílio. Resolvi então, ferido, tentar um último esforço visto que o frio já abalava meus ossos.
Agarrei-me a um pedaço de caibro que ficara pendurado, apoiei-me nos que ainda não tinham cedido e dei o salto decisivo para alcançar a denegrida “cova” precipitada que eu fui arranjar. Já alcançado o meu objetivo inicial percebi que se tentasse subir o assoalho desmoronaria em cima de mim, contudo esta seria talvez a última oportunidade de alcançar a liberdade a não ser que eu dormisse com as baratas. O meu braço já não aguentava mais e já começava a ceder quando, num sobressalto, pulei para cima do velho assoalho. Sem perder tempo dei salto triplo afastando-me do local do crime, este que terminou de ruir.

Esta história, de fato, mostra-nos tipicamente a displicência das pessoas, coisa comum, que nenhum de nós está a salvo das brincadeiras do destino. A única coisa de concreto que restou de testemunha desses fatos é o livro de Nostradamus, perdido no porão da casa dos Moura.

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